terça-feira, 14 de dezembro de 2010

TREBLINKA



Treblinka não cabe na poesia. A máquina da morte causa calafrios e medo aos que chegam nos trens abarrotados de gente e sentimentos infantis esmagados pela dor que causa cansaço e falta de ar. O cheiro nos vagões é de peles queimadas e corpos sem banhos cobertos com mantas que não prometem conforto. A paisagem é branca e não se adapta ao carinho e ao choro presos nas fotografias escondidas em sacos de papel . O senhor Ami chegou a Varsóvia em 1943. Era outono e o céu não prometia dias melhores nem lírios d'Água. As folhas cobriam o chão da Polônia com um amarelo que também não cabe na poesia. Pessoas viram números em Treblinka e as roupas listradas trabalham duro para manter o medo em segredo. O senhor Ami chega ao CAMPO DA MORTE em setembro de 1943. Valas e carne queimada fazem parte dos dias que não acabam nunca. Funcionários alemães e ucranianos caminham de um lado para o outro e tentam manter a ordem. A SOLUÇÃO FINAL foi posta em prática de forma impiedosa, com máscaras e gás. O senhor Ami olha os corpos e lembra da família esquecida em algum beco de Berlim. A noite acorda e mostra a cara aos que insistem em dormir . O pavor se renova a cada instante. O senhor Ami não respira mais e cinzas são misturadas à areia.
Gurgel de Oliveira