segunda-feira, 27 de agosto de 2012

EM BUSCA DAS NUVENS ROSAS

O caminho parece não ter fim. Maria da Penha tenta chegar ao destino  com a irmã mais nova já faz vários dias. A poeira já cobriu a pele e irritou narizes e gargantas. Não existe sombra na estrada e as crianças parecem bonecas moldadas no barro. A noite se aproxima e o medo de bichos e fantasmas aflora. A fome é tapeada com os espinhos do mandacaru. O barulho da cascavel exige silêncio e corpos agarrados ao medo constante, cheio de fantasia e perversidade. É inútil traçar um mapa. Elas não sabem para onde estão indo. É a intuição  que indica quais tarefas devem ser cumpridas. As meninas dormem! O barulho dos roedores desperta mundos rupestres e dores ancestrais. Será o fim do mundo? Crianças perdidas numa estória sem começo, meio e fim...Sonhos com brinquedos e bolos são uma constante nas noites de umidade e sono acordado. Tem alguém aí? Montanhas e pedras silenciam e atiram rosas no amanhecer.

Gurgel de Oliveira