terça-feira, 19 de agosto de 2014

IMAGENS

Caminhar pelas noites mágicas. Tardes imemoriais. Telefonemas anônimos e parques não descobertos. O cinema está presente em tudo. Os nossos mundos são imagens que navegam no tempo. Nossos olhos...Observadores e desbravadores. A Sétima Arte visita o Tropical e pousa os olhos nas descobertas de Cabral. Palmas para o inesquecível que nos faz pessoas do bem. As mulheres do Axé batem palmas e olham de longe. Sempre atentas.

Gurgel de Oliveira

Giada Colagrande, diretora italiana e Willew Dafoe. Magia de Diana Gurgel.

domingo, 6 de abril de 2014

INSÓLITO

Não importa se estão olhando de longe. A corrida vai começar e os cães da guarda serão os vencedores. Os planos que fizemos não tiveram êxito e as florestas estão cheias  de cores.  frutos  ressecam pelo caminho e cidades comemoram os sobreviventes . Os copos de vinagre adornam  os bancos da praça.  Esquilos correm e suportam castanhas nos ombros. Chegou a hora dos momentos felizes.  Estrelas parecem mais próximas e a noite se veste de festas. Fatalidades não tragam crenças. Velas e terços não habitam mais os conventos  . Acalmemos os choros das meninas cegas. As suas retinas velejam  e a febre nos joelhos incomoda. É essencial que saiamos agora. As horas estão passando e os relógios querem ir embora. A dor do amor é de uma crueldade que assusta. Não amemos mais. Cultivar imagens e amarrar os dedos do mundo com fitas e farpas  é a solução. O texto está acabando e a sensação de vazio não passa. Quero oferecer lírios e sabores  aos estranhos. Eles são merecedores de aromas. Corramos enquanto é tempo. As fraturas  não são tão rápidas e a garganta do mundo tem mucosas e sono.

Gurgel de Oliveira

Foto:  Site Populista 2013

quinta-feira, 27 de março de 2014

O CONFLITO DA PELE

Os vícios ainda dormem. Cidades e rios afundam na ilusão do medo. Ossos e carnes não habitam mais os frigoríficos. Crianças são recortes colados nas paredes e os relógios pararam no tempo. Ser feliz é uma penumbra. Unhas rasgam cortinas e levantam as saias do amanhecer. Abram os olhos com muito cuidado. Ameaças estão sobre a mesa e a nata do leite sumiu na madrugada. Correr em busca do nada é um esforço que causa tremores nos nervos. Que se calem as bocas das avenidas. Respirar é o essencial.

Gurgel de Oliveira

Foto do Site de Nizo Gomide. O nome do fotógrafo não foi encontrado.

domingo, 9 de março de 2014

CORRER RISCOS

É necessário que corramos riscos.  Escadas de madeira são frágeis e não suportam sofrimentos. As farmácias ficam próximas, mas as pomadas estão em falta. Pedaços de retalhos amarram ferimentos. O sangue se acomoda e o descanso é inevitável.  Frutas geladas no palito enganam  crianças e bichos. Nunca é tarde para recomeçar.  A noite desperta   o medo  e os  bonecos de madeira. Lamparinas estão acesas. Já é hora de ir para a cama  e se jogar nas cacimbas do sono.  A vida sem cicatrizes não tem o sabor dos jogos. A infância é perversa e os punhais estão afiados. Não cortemos os nossos corpos de uma só vez. Façamos aos poucos. Como os carrascos medievais. Já é quase manhã de domingo e teremos que ir à missa. Peles e bandagens fazem parte das  orações. Gritemos aos ventos que já é hora de parar. As feridas vão sarar agora!
Gurgel de Oliveira
 Fotos de domínio público.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

MADRE JOSEFA CLARA



 O Convento de Santa Clara do Desterro, fundado em 1677, localizado no bairro de Nazaré, em Salvador, é famoso por sua arquitetura e beleza dos móveis de jacarandá dos séculos dezoito e dezenove,  espalhados  pelos salões, saletas e cantinhos de orações. Segundo alguns historiadores e relatos anônimos, numa tarde chuvosa do ano 1753, a bela Josefa Clara, jovem de família tradicional da época e prometida a Jesus Cristo para todo o sempre, foi flagrada na capela-mor, quase despida, acariciando as partes íntimas do padre Inácio Moreira Franco, substituto do capelão que havia falecido fazia pouco tempo. O escândalo repercutiu na província e logo chegou aos ouvidos da corte, que proibiu, a partir daquela data, o trânsito de padres nos conventos e locais religiosos frequentados por moças que dedicariam suas vidas aos apelos do sagrado. Madre Josefa Clara, de sexualidade imoderada, acometida de profunda tristeza e dores fortes no peito, chorou por muitas noites insones à espera de notícias do amado, mas nunca recebeu sequer umas poucas linhas escritas. Sofrida, sem nenhuma esperança de rever o grande amor, a freira trancou-se no cláustro, rasgou o corpo com uma casca de ostra e deixou-se sangrar... Até que os anjos viessem ao seu encontro e cobrissem a sua boca com pétalas de rosas e perdão.

Gurgel de Oliveira