Um beijo de princesa está colado ao teto de madeira da nossa casa. Poemas de escritores não conhecidos se desprendem do pijama e enchem os vasos noturnos de angústia e tardes não dormidas. O refluxo rasga o estômago da criança morta e a sala principal anuncia velórios só para matar o tempo. O nome do livro é Tempo de Baile! O escritor retira frases de cidades frias e recria assassinatos nos sítios históricos que descansam no mapa. Para qual dos lados teremos que olhar agora? Existem sepulturas estampadas nos doces de sofrimento de Cora Coralina e as pontes de Goiás não protegem mais os rios. Somos os donos dos nossos fantasmas que só adormecem depois da meia noite, quando o Sol se esconde embaixo do travesseiro com medo dos ataques da Lua. É tempo de bailar o tempo e esconder as máscaras nos rostos que não dizem verdades. Existe mesmo a verdade ou tudo não passa de um sonho embriagado pela saliva da dança? Em qual dos bailes perdemos o jeito de dançar e lamber feridas abertas? Perguntemos ao escritor... Foi ele o criador da festa.
Gurgel de Oliveira
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