Nos olhos de Marina o que mais impressiona é a sensação de água estagnada, como um desejo de chorar preso a uma época onde as crianças não externavam emoções e os brinquedos acenavam, de longe, com lenços impregnados de jogos ocultos, abortados pelo calor e o barulho das águas do riacho. A parede onde a foto está dependurada é azul e a casa permanece fechada, como um tesouro ancestral, um segredo sem solução. No mês de Abril, quando as pipas de cores opacas enfeitam o CÉU do lugarejo, um grito de alegria é ouvido pelos andarilhos que passam próximos da casa, festejando a Primavera. É Marina tentando sair da foto para olhar as borboletas e as flores do jardim, só para sentir o gosto de ser criança outra vez.
Gurgel de Oliveira
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