No século dezenove, era hábito entre as
famílias abastadas, fotografar os seus mortos em cenários
especialmente construídos para essa prática. A Arte Post Mortem, como
era conhecida, eternizava crianças, jovens e adultos, antes
do último adeus. A foto aqui postada, que retrata três irmãs num
momento de explícita morbidez, é um exemplo claro dos costumes estranhos
do povo daquela época. O adeus a Samira, que não vingou, foi produzido
numa tarde de inverno, em alguma cidadezinha da Europa do Leste. Fazia
muito frio dizia o bilhete achado próximo ao túmulo. Estavam todos de
preto e alguns choravam muito. Flores foram atiradas no gelo do lago.
Samira foi depositada num poço de lama e lágrimas. Suas irmãs nunca mais
foram vistas. Um caçador afirmou ter sentido crianças correndo pela
floresta. O choro de Samira ainda é ouvido e cartas ilegíveis são
encontradas de vez em quando.O Verão não se pronuncia e a casa foi
fechada para sempre. A vida segue o seu curso.O lago nos presenteia
com segredos e caixas de cimento. O domingo se aproxima! A igreja recebe
fiéis para orações e silêncio. Samira observa tudo de longe...Como uma
foto presa no tempo.
Gurgel de Oliveira
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