quinta-feira, 27 de junho de 2013

POST MORTEM





    No século dezenove, era hábito entre as famílias abastadas, fotografar os seus mortos em cenários especialmente construídos para essa prática. A Arte Post Mortem, como era conhecida, eternizava crianças, jovens e adultos, antes do último adeus. A foto aqui postada, que retrata três irmãs num momento de explícita morbidez, é um exemplo claro dos costumes estranhos do povo daquela época. O adeus a Samira, que não vingou, foi produzido numa tarde de inverno, em alguma cidadezinha da Europa do Leste. Fazia muito frio dizia o bilhete achado próximo ao túmulo. Estavam todos de preto e alguns choravam muito. Flores foram atiradas no gelo do lago. Samira foi depositada num poço de lama e lágrimas. Suas irmãs nunca mais foram vistas. Um caçador afirmou ter sentido crianças correndo pela floresta. O choro de Samira ainda é ouvido e cartas ilegíveis são encontradas de vez em quando.O Verão não se pronuncia e a casa foi fechada para sempre. A vida segue o seu curso.O lago nos presenteia com segredos e caixas de cimento. O domingo se aproxima! A igreja recebe fiéis para orações e silêncio. Samira observa tudo de longe...Como uma foto presa no tempo.
Gurgel de Oliveira

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