A visitante dos trópicos atravessa a sala de jantar e cumprimenta os senhores que estão sentados à mesa de jacarandá cravejada com marfim e jade. Os castiçais e os tapetes que forram o chão de ladrilhos nos remetem aos sons e cheiros cítricos das mentas tunisianas. O azul dos lustres é o mesmo que reveste os olhos da visitante. Agora ela sobe as escadas com corrimão de Mármore Carrara, adornado com pequenos relevos lapidados em alabastro. Nas medinas, onde a vida real acontece de forma dura, cheia de ânsia, apego e fome de longevidade, as pessoas comuns correm em busca do pão e mergulham suas ironias e medos em porões de incertezas e lama. A visitante, descalça e coberta com uma túnica de buganvílias pintadas à mão, desce a escada com uma grinalda de tâmaras frescas e muitos pistaches em volta do rosto, e atira mosaicos romanos pelas grandes janelas do Norte africano, como se provocasse mais uma luta de gladiadores, numa arena de Cartago.
Gurgel de Oliveira
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