Seu Justino acordou às cinco horas da manhã. Queria sair cedinho em busca de trabalho e comida para os filhos e a mulher doente, dona Rosinha. Tomou banho na bica do quintal, bebeu o café com sabor da noite anterior e pensou sobre o seu passado numa cidade do interior nordestino, repleto de tardes de domingos não felizes. Seu Justino agora caminha por estradas e ruas acordadas, planejadas por homens capazes de tudo para imprimirem suas marcas ao longo da vida. Pessoas, rostos, mãos e objetos ocupam os espaços possíveis nas avenidas movimentadas. É o dia tomando forma, tentando ser forte e viril. Seu justino atravessa viadutos, cultiva lembranças dos filhos adultos e continua sua caminhada em busca de esperanças, biscoitos recheados e almoços divertidos com a família. Seu Justino, homem de quase setenta anos, otimista e disposto para o trabalho, desapareceu lá para as bandas do subúrbio, onde os trens que rasgam o final da tarde engolem pessoas, esperanças e histórias de vida. Dona Rosinha, frágil e açoitada pelas epidemias, deseja reencontrar o marido, nem que seja em algum lugar da memória.
gurgelino, já pensou em compilar seus contos e lançar no formato livro??
ResponderExcluirGurja,
ResponderExcluirabraço da bel, chegando de viagem e querendo saber de vc. por isso dei uma passada no blog.
gosto muito de vc.