quinta-feira, 15 de abril de 2010

O MUNDO DE VIRGÍNIA


O rosto refletido na poeira que escalda as dunas e redescobre manuscritos assusta pela forma como nos percebe. Agasalhada, dona Virgínia parece carregar o mundo nos ombros cobertos de fadiga e feridas de melancolia e desânimo. O clima no deserto resseca a pele que recobre a retina e faz crescerem espinhos no olhar. Dona Virgínia escreve ao tempo a sua desilusão. A falta de sono arranha o segredo da noite e massacra o encanto que torna o sonho um presente inesquecível. Pássaros e porcos mastigam relógios urgentes, cavalos e meretrizes. Dona Vírgínia não dorme. A Inglaterra chora e desvenda segredos à beira do lago. Dona Virgínia desfia manuscritos e surpreende a morte.
Gurgel de Oliveira

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