Entre os rios Tigre e Eufrates, área integrante do Crescente Fértil, os sumérios construíram barragens, canais de irrigação e diques que concentravam uma grande quantidade de argila, matéria-prima usada na fabricação de utilitários, artesanato e placas onde estão impressas ideias e significados do pensamento daquele povo, através da escrita cuneiforme. Politeísta, a sociedade suméria acreditava em várias divindades ligadas aos fenômenos da natureza e aos sentimentos humanos como o amor, o ódio e a vaidade. Inanna, a deusa mais popular da época, luz da Mesopotâmia, era sinônimo de austeridade, sensualidade e magnetismo que evocava e seduzia o mais descrente dos mortais. Construtores e arquitetos de muito talento, os sumérios projetaram e edificaram Cidades-Estado como Eridu, Uruk, Kisch Nipur e Ur, templos artísticos e funcionais que impressionaram a antiguidade entre os anos quatro mil e mil novecentos e cinquenta, antes de Cristo. Os Zigurates, enormes construções de formatos piramidais, serviam para guardar grãos e, hoje, o que sobrou impressiona turistas curiosos e estudiosos de civilizações que não desvendaram os seus segredos ao mundo contemporâneo.Os sumérios e o seu território foram surpreendidos pelos Amoritas e Elamitas, invasores de orígem persa. Nem a deusa Inanna, com toda a sua força e fúria de mulher e oráculo conseguiu impedir o massacre. Está tudo registrado nas placas de argila espalhadas pelos museus do mundo. O barro é como o olhar de Inana...Simples e revelador.
Gurgel de Oliveira
Foto: pormenor de painel em argila que retrata o cotidiano dos sumérios. Museu do Iraque.