segunda-feira, 4 de outubro de 2010

YUKIO MISHIMA

A ideia abstrata da beleza perfeita incomoda o escritor. O barulho dos aviões de guerra deslizam pela caneta e mancha o texto tantas vezes escrito. A ausência perturba e resgata momentos absolutos de tristeza e solidão. E o brilho do Pavilhão Dourado reflete a infância de perversidade e tirania, numa aldeia de casinhas brancas e simplicidade perto de Tokio. A espada do Samurai mira o aparelho digestivo e retalha a carne com músculos e sangue. E o ideal de beleza inunda tapetes e travesseiros que exalam sakê e sushi. Para sempre seremos animais com fome e dores vertebrais; observadores do lixo que brota dos seres humanos e dos contos de Mishima. Para sempre tentaremos matar a fome do outro que está preso ao espelho. Até que o tempo nos traga a areia do deserto que esconde as almas das crianças que morreram abraçadas ao silêncio.
Gurgel de Oliveira

Um comentário:

  1. Gurgel, meu querido. Passo aqui mais uma vez para te parabenizar pelos escritos e dizer que quero ver logo esse blog virar um livro! É merecedor. Abraço.Beijo.Caroll

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