Um homem busca unidade e sentido no amanhã que nos empurra para a morte. A pedra é carregada nos ombros e acomodada no topo da montanha para depois ser arremessada e transportada novamente. Sísifo não cansa e os seus braços e pernas movem máquinas e rostos desprovidos de pele, dentes e lábios. Realizar o absurdo é espantar o desejo suicida do estudante ausente que deixa a sala de aula para viver o vazio ao pé da amendoeira. Dias cheios, tardes com neblina e noites insones. É assim o universo desinteressante que brota das páginas de jornais e capas de revistas. O mundo em desequilíbrio que estimula o nascimento das árvores e seduz jovens ávidos por folhas e coisa nenhuma. Retrato de um sentimento que faz doer na alma a canção primaveril que não foi cantada. Sísifo carrega a pedra e maltrata o corpo e os músculos com movimentos repetidos e golpes. O aluno adormece nos lençóis de amêndoas e sua mochila é azul e presente na aula sobre homem e comunicação. A noite se cansa e chora pedindo aos deuses que amanheça novamente. Sísifo carrega pedras e pensa em construir futuros. O estudante suspira e escreve frases suspeitas no chão de folhas secas. É assim a vida... absolutamente sem sentido e morna.
Gurgel de Oliveira
Gurgel de Oliveira
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