segunda-feira, 18 de abril de 2011

Manoel de Azevedo Silva e Outros Encantos Possíveis



A vida nos reserva surpresas todos os dias. Nossas crenças são testadas e renovadas a cada suspiro da luz que ilumina as tardes de Outono , embaladas pela brisa e sopros de magia, como se os nossos olhos fossem acariciados por mãos divinas e preparados para um novo amanhã. Não conheci o SENHOR NENÉU, que dizia ter viajado à lua com os astronautas a bordo de um grande foguete e que o Sol era frio como blocos de gelo perdidos na imensidão do espaço. Caçador e apaixonado por aventuras de tirar o fôlego, SEU NENÉU descia o RIO PARAGUAÇU e explorava florestas em busca de onças, jacarés e aves de um exotismo tão peculiar que enchia de cores o imaginário de crianças, adultos e velhos amantes das fantasias só possíveis às pessoas que têm jardins e ternura no coração. SEU NENÉU tinha um mundo próprio , onde o Sol era inverno e a Lua um universo alcançável. Numa noite de verão, em Cruz das Almas, reencontrou Lampião, o temido cangaceiro que desafiou o fogo e fez história no SERTÃO, numa época em que um bom facão ditava as regras e calava bocas e corpos em desencanto. Hoje os dias e as noites brilham diferente. Seu NENÉU partiu para mundos distantes e já faz bastante tempo que não manda notícias. Será que está na TERRA DO NUNCA enfrentando piratas e gigantes do mar? Isso eu não sei! Mas de uma coisa eu tenho certeza: o velhinho encantado está num lugar onde os desejos e os sonhos duram para sempre e as onças, jacarés e outras caças têm o cheiro das rosas brancas e o sabor da verdadeira saudade.
Gurgel de Oliveira

6 comentários:

  1. Gurgel, a magia de Nenéu te tocou como só acontece com pessoas sensíveis que permitem ao imaginário fazer parte das suas vidas como o chão e a comida. Bem vindo à cidade dos sonhos onde as almas cantam cirandas e fazem festa do meio-dia ao entardecer.

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  2. Querido Gurgel, vc me despertou para um compromisso que não consegui cumprir desde que Neneu pegou seu último foguete para a lua: escrever sobre essa grande figura, meu conterrâneo de Castro Alves, mais precisamente da vila do Genipapo, lugar de caatinga onde a velha Boboca e suas cabras faziam jorrar o mel e o leite...
    Obrigada por reavivar as memórias da minha meninice!

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  3. Nossa, quero conhecer seu Neneu!
    abraços
    Lindete Souza

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  4. Estarei, de agora em diante, mais perto de você.
    Adorei o sitio. Seus textos me fizeram viajar em lembranças...boas.
    beijo

    Emília Couto

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  5. Gurgel,

    Felizes são os que cultivam o imaginário. Lembro-me que quando pequeno, olhava o céu e via as nuvens tomarem forma, era muito interessante, sempre achava uma nuvem com o formato de algo parecia que elas também brincavam comigo. Hoje nem olho mais o céu, talvez negligência não sei, acho que como citado no texto: “...naquela época tinha jardins de ternura no coração...”. Esse texto me remeteu a essa lembrança, e me deu vontade de parar para de novo contemplar o meu velho amigo céu e minhas amigas nuvens.

    Abraço.

    Adriano César Padilha Silva.

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  6. Belo texto, Gurgel. Mais uma belíssima tentativa de entender a saudade.

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