Igrejas transparentes flutuam no universo criado pelo artista. Sombras e cristais dão o equilíbrio necessário à linha do horizonte. Tudo é aparência no espetáculo embalado em lágrimas e soluços, rabiscados nos acrílicos das janelas. Canções e brinquedos de madeira resgatam quintais e varandas de fazendas. E as igrejas perfuram os rios e cachoeiras com os seus pináculos e arcobotantes bem esculpidos. É o gótico em forma de seringa. São seringais e madrigais em noites de festas. Os balões colorem o espaço e pessoas vão à missa. Bandidos confessam crimes e jovens bêbados estouram garrafas de espumantes. Tudo é translúcido e calmo. Vestidos e mantos de conchas vestem os segredos das dunas. O mar exibe corais e plumas e molha o rosto não decifrado do figurante em êxtase. Não percamos o equilíbrio. Turmalinas viram máscaras e cobrem as nossas mãos com ametistas e safiras. Tudo vai perder a forma um dia. Os corpos são moléculas e não desistem da água, que cura e mata a sede. Está muito quente aqui. Entremos nas igrejas que agora estão amordaçadas aos pés dos confessionários. Padres e freiras se perdem na linha do tempo. A cegueira é parte dos nossos sonhos. O vidro corta e deforma os olhos do vento. É necessário que Fiquemos atentos.
Gurgel de Oliveira
kkkkkk... ah Gurgel ... fantástico , amei !!!!!!
ResponderExcluirLindete Souza