segunda-feira, 4 de março de 2013

A ANTENA - O DESFECHO

Seu Antônio não vive mais. Igeriu relógios que não funcionavam, ficou preso à hora marcada de um deles, e parou de respirar. O que sobrou  do velhinho  foi misturado às algas, que agora se espalham pelos  quartos, paredes, corredores e telhados. Os cabelos de Clotilde já medem cento e trinta metros. O feto que está dentro dela já ocupa todo o seu corpo. Os outros moradores sumiram. A antena agora apita e tem uma luz que circula. Pontas metálicas rasgam o corpo de Clotilde, de dentro para fora. A antena apita e a sua luz circula com mais cores e raios. Clotilde sangra e mais pontas de metal saem , agora pelo rosto. Parecem peças que se juntam com as outras e se encaixam, perfeitamente. Anjos sobrevoam a sala e fecham os olhos da mulher que não pertence mais a esta estória. Seus cabelos são levados como cortinas que guardam os segredos da noite. A antena observa tudo do alto...com  imponência e crueldade.
Gurgel de Oliveira

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