quarta-feira, 24 de julho de 2013

BERNARDA ALBA

Espanha. Um povoado na escuridão e uma casa fechada pela tirania da matriarca que cheira a mofo e perversidade. Mulheres numa prisão de medo e ventres que clamam por liberdade e um pouco de açúcar. O frio que brota das paredes alerta para o luto de oito anos que trará mais sofrimento e penumbra. Bernarda tem a casa e as filhas no ângulo do olhar que não adormece e entorpece cérebros e umbigos escondidos por várias camadas de tecidos pretos. As portas não falam mais e os livros não contam estórias. Mesinhas de cabeceiras são marcadas pelas mãos que recusam pianos e caldas de doces não apurados. O escritor aperta o conteúdo psicológico da narrativa e perturba o espectador. Teatros e rotundas choram o sofrimento das ninfas. As cortinas se fecham e Bernarda é retalhada na ribalta. As mulheres se recolhem e cobrem a boca da mãe com rosas e folhas secas.
Gurgel de Oliveira

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