Final do século dezenove. Faz muito frio lá fora e as folhas das árvores não balançam. A família se prepara para o registro final. Crianças são vestidas com linho e maquiadas para esconder o constrangimento. Mais pessoas chegam e quitutes são servidos na mesa da sala.Começa a sessão de fotos e sorrisos não são necessários. Os brinquedos estão distantes. Não é hora para fantasias. Tias, pais e avòs são apenas enfeites cobertos com bordados tingidos com raízes. A tarde tem pressa. A estrada do bosque é extensa e resgata lembranças. Todos ficam de pé para o último adeus. Pedaços de pão são dados aos gatos. Os galhos da cerejeira se pronunciam. O Sol fecha os olhos para o cortejo. O clima é de oração e saudade. É hora de atirar os lenços e barquinhos de papel na corrente do rio. A terra se abre com fome. Descanso e paz.
Gurgel de Oliveira
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