sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Dona Maria das Dores

Dona Maria prepara o café quando a casa ainda dorme. No quintal, as primeiras luzes do dia despertam lembranças e épocas remotas. O cachorro corre para todos os lados da casa. Nas ruas, os vendedores de sonhos e promessas desenham um futuro cheio de surpresas e passam, vagarosamente, exibindo roupas velhas, guardiãs de muitas conversas e alvoradas de domingo. Dona Maria arruma a mesa como se fosse a última refeição. As dores fortes nas pernas são o prenúncio de manhãs inválidas , com unguentos e bastante água quente. O tempo é retratado na parede da sala exibindo fotos dos antigos moradores do casarão. Dona Maria, com o seu experiente olhar, carrega sua angústia pelos corredores enquanto os seus atuais moradores acordam, embalados por bocejos e sonhos imemoriais.
Gurgel de Oliveira

Um comentário:

  1. Gurgel, preciso ler com mais calma os seus profundos e poéticos textos para fazer comentários à altura ... bjs , Lu.

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