sexta-feira, 20 de março de 2009

A NINFA DE BIZÂNCIO - Para Silvana Moura

A menina muçulmana corre pelas vielas de pedras da Capadócia. Nos olhos, a saudade de tempos remotos e das tardes que anunciavam as festas luxuriosas de Bizâncio. O império onde a fé e o poder eram cultuados como deuses ficava no Estreito de Bósforo, águas que separam oriente e ocidente e onde o canto dos pássaros é perturbado pelos gritos dos vendedores de tapetes, jóias e especiarias. O ouro em abundância e as gemas coloridas enfeitavam os corpos de mulheres manipuladoras de ilusões, ópio e prazeres incompletos. As termas públicas e as tabernas preparavam homens e ninfas turcas com bálsamos excitantes e compotas de damascos e mel. Alguns nativos da Capadócia afirmam que a menina muçulmana é a reencarnação de uma entidade etrusca, e que já foi vista no topo de minaretes e nas cúpulas sagradas das basílicas , clamando aos deuses e aos homens que a libertem das garras afiadas de Constantinopla.
Gurgel de Oliveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário