quinta-feira, 23 de abril de 2009

Jesus de Nazareno, Calor, Transformismo e Libélulas

Numa pequena cidade do recôncavo baiano, onde Jesus de Nazareno parece acalmar os ânimos e o calor, do alto de uma colina, o jovem Jean Márlus desfia o cotidiano com paciência, talento e uma enorme vontade de ser feliz. Durante o dia o garoto de 26 anos trabalha como eletricista, aderecista, montador de estruturas para o funcionamento das feiras e festas da cidade e decorador das cerimônias de casamentos, que acontecem de vez em quando, só para mexer com a rotina do lugar. À noite, quando todos os pardos viram gatos e o teor alcoólico interfere no metabolismo das praças e dos bares, o jovem Jean Márlus passa a se chamar Jhow Quevara, uma mocinha apimentada que veste roupas sintéticas e usa o corpo longilíneo para provocar e acender desejos proibidos, por entre pontes e becos. E começa a fechação! Viados saem de todos os lugares e enchem a praça de cores e gritinhos . A cosmética grita nos rostos de bonecas e olhos delineados. Os modelitos são estranhos e revelam corpinhos e personalidades fortes , assumidas. A música e as luzes tomam conta da praça e transformam a cobiça e o pecado em confetes e êxtase. Jhow sobe numa estrutura de madeira e mostra o que sabe fazer. Requebra e atira o seu olhar de odalisca faminta em direção às suas primeiras vítimas. O clima é quente e a festa esquenta ainda mais. Entre uma dança e outra, olhares desconhecidos se cruzam e marcam desencontros futuros. Jhow se afasta e segue o caminho do rio. A noite se alonga e promete loucuras. O jovem atravessa a ponte , ajeita o saiote artesanal enquanto a festa segue o seu destino e o aguarda, ansiosa e bela.
Gurgel de Oliveira

Um comentário:

  1. Conheço tantos Jean´s e Jhow´s ... e os invejo... não conheço tantas pontes e becos libidinosos.. eu iria amar!!! rs

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