Na sua penúltima viagem, a forasteira desembarcou na cidade do CAIRO a bordo de mochilas surradas, guias de viagens e muita ânsia de desbravar o solo desconhecido do VALE DO NILO. Percorreu os mercados da cidade onde os dialetos desafiam o tempo e constroem o cotidiano impregnado de estórias não reveladas e túmulos não tocados, que ainda escondem segredos circundados por jade e calcário. Como passageira do navio que desce o rio que banhou escravos, escribas e negras importadas da Núbia, a forasteira fotografou templos, bebeu coca-cola e trocou informações com turistas dos quatro continentes, queimados pelo sol que tinge de dourado as pirâmides e mastabas da NECRÓPOLE DE MÊNFIS. E continua a aventura! A lua atira a sua luminosidade sobre DEIR-EL-BAHARI, onde talhado na montanha descansa o templo funerário da rainha RATCHEPSOUT, a mulher de gestos e mãos elegantes que marcaram a décima oitava dinastia. E por falar em rainha, a forasteira pergunta a um arqueólogo sobre NEFERTITI, a jovem que foi confundida com uma princesa do império MITANNI, mulher de rara beleza e esposa de AKHENATON. As respostas encantam e sugerem novas perguntas. Amanhece no NILO. A forasteira sente saudades da filha que deixou no seu pais natal. Lembranças da infância enfeitam o café da manhã servido ao ar livre. Pessoas conversam e atiram olhares . Águas calmas e clima de nostalgia bordam as horas que rodopiam e resgatam o calor da tarde. É o tempo apressando o fim. A forasteira sente dores. É hora de voltar! Voltar correndo e abraçar o último sopro de vida. Beijar as faces da família. Dar adeus ao próprio corpo. Se despedir do sorriso alheio e arrumar a bagagem para a última viagem. Anúbis, o deus da morte, abraça a jovem senhora com encanto e confiança. Atravessam as nuvens que separam os mundos e partem apressados , carregando nas mochilas o enígma da esfinge.
Gurgel de Oliveira
Gurgel de Oliveira
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