Dores que habitam corpos nascidos de ventres quase sempre ocupados. Crianças que atiram dentes nos rios que cortam os vales colombianos e refrescam vidas que brotam das serras andinas. Lendas que ilustram livros e lições estudantis, quando as tardes esfriam e tingem de branco o terreiro das casas aquecidas por fogueiras e chamas que rodopiam. Os sonhos que alimentam as nossas noites nos deixam confusos. Acordamos com sensações estranhas nos olhos e a pele do rosto mais velha, sem elasticidade. Quanta confusão! O dia que começa nos arrasta cheios de esperança e vontade de encontrar o nosso lugar no mundo. Mundo estranho! Orelhas são encontradas em terrenos baldios observadas e degustadas pelos ratos que os homens criaram e alimentaram com restos de salada e salmão. É hora de correr. Rasgar o figurino circense e virar marabalista nas passarelas que ligam lojas de coveniências às estações de transbordo que transbordam a cada enchente, cheias de gente e de pentes. Cabelos são cortados e atirados aos rios mortos que insistem em cortar cidades e vielas. E o dia vai desfiando dores. As dores roubam suspiros e mais crianças atiram dentes nas serras andinas. É o começo do frio que engole o rio e fura os olhos do vento. É o grito do tempo!
Gurgel de Oliveira
Gurgel de Oliveira
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