O olhar do outro nos desconcerta. Despe os nossos espíritos e corta a liberdade das almas que nos acolhem. Portas e janelas se abrem ao desconhecido e nos convidam para um passeio. O olhar do outro nos acompanha e confunde prezeres e desejos. Somos escravos dos nossos corpos? Fabricamos escorderijos para guardar os nossos medos? O olhar do outro tem um jeito perverso para o confronto. Somos castigados, amordaçados e acomodados na escuridão da caverna. As sombras das pessoas que fazem o mundo são refletidas nas paredes de pedra. A caverna é um mergulho na cegueira do inconsciente que nos protege do racional. Não somos sujeitos da razão! Fantasia é um consolo que buscamos para que possamos aguentar o corpo físico e vidas sem sentido. Desejamos mergulhos não tão profundos nos olhares dos outros. A calma dos museus e a ansiedade que imobiliza os seus acervos não nos incomodam. O olhar do outro fere a retina dos olhos do vento e canta baixinho para os filhos do tempo. Vamos tatuar um outro olhar sobre a pele que nos protege? Queremos escalar as cavernas quase sempre prisionais com água, lodo e estrume fossilizados. As várias faces da vida e da razão estão presas a passados e grutas. O olhar do outro é o nosso olhar refletido nos espelhos e na ignorância que embala o sono do mundo.
Gurgel de Oliveira
Gurgel de Oliveira
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