Um véu de neblina encobre as árvores do parque florestal. Stefhany receia ser a próxima vítima e busca refúgio nos lençóis que cheiram a gripe e fome. Retalhos de lembranças deslizam pelas venezianas e adornam a lareira com pêssegos, tâmaras e poesia. E a sonolência da rua ecoa na fisionomia do busto assentado na praça. Mais crianças mortas amanhecem no parque...sem cabeças, braços e vísceras. Insetos lacrimejam e as folhas de tons amarelos rastejam no chão e colorem o outono. O vestido de Stefhany é encontrado em vasos repletos de lírios d'água e recortes de fotografias. Existe uma mala com ossos colada nas pálpebras do anjo ausente. E um grito de dor vasculha as estradas e fronteiras do além. Pedaços de gelo encobrem o rosto da criança morta. E o parque florestal desaparece por entre nuvens e revoltas impunes.
Gurgel de Oliveira
Embora esse conto, em momento algum fale em que local se passa, ele tem um tom novaiorquino, o que faz dele muito interesssante. mexe com a criatividade do leitor.
ResponderExcluirgostei muito!