sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

RETALHOS DE INSÔNIAS E AGULHAS

Casas de portas fechadas escondem estórias, livros e brinquedos tocados por maõs desconhecidas, ao longo dos anos. Crianças presas ao cimento que reveste o muro do jardim escrevem poemas e plantam palavras,  nos vasos espalhados pelos quartos e quintal. Tudo parece não ter sentido e a calçada está cheia de nomes de pessoas que desapareceram no último Natal. A rua chora os seus mortos e manda rosas vermelhas que pulsam diante da repulsa e dos líquidos que escorrem dos estômagos. Os ventos não sopram mais! Nuvens de saudade são desenhadas em folhas de papel e colocadas nos pés da santa que dizem sangrar aos domingos. Pássaros e javalis engolem florestas, rios e cavalos brancos. Atrizes são atiradas aos porcos, a bordo de figurinos e ribaltas sem maçãs e maquiagens. Comeremos os lençóis, antes do amanhecer? Remédios controlados estão colados nas paredes e as casas fecham os olhos. A hora é de dormir e abraçar os caminhões que se recusam a despertar.


Gurgel de Oliveira

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