Cores e sabores sobre os tapetes da sala. Bonecas e vestidos de papel embaixo das camas. O teatro de sombras não funciona mais. Atrizes e atores representam fases da vida e as cortinas se calam. Vozes passeiam pelas varandas e se escondem em garrafas de bebidas do Oriente. A escuridão veste roupas com estampas e corre pelas ruas do centro. Já é noite na Boate Barroco e os carros começam a chegar. Ternos e bengalas habitam os cabides e a música acompanha o movimento das luzes. Olhos pintados com jade sobrevoam o balcão e a cantora adorna o piano com espartilhos e ossos de búfalos. É madrugada e os embriagados correm em busca de prazer e seios de alabastro. Copos borbulhantes congelam o inverno e rabiscam espumantes no Sol. A voz da cantora embala marinheiros e os desconfortos do dia. O grito do vassoureiro incomoda os que descansam. O Jazz adormece e espera o próximo ato.
Gurgel de Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário