quinta-feira, 23 de maio de 2013

BOATE BARROCO

Cores e sabores sobre os tapetes da sala. Bonecas e vestidos de papel embaixo das camas. O teatro de sombras não funciona mais. Atrizes e atores representam fases da vida e as cortinas se calam. Vozes passeiam pelas varandas e se escondem em garrafas de bebidas do Oriente. A escuridão veste roupas com estampas e corre pelas ruas do centro. Já é noite na Boate Barroco e os carros começam a chegar. Ternos e bengalas habitam os cabides e a música acompanha o movimento das luzes. Olhos pintados com jade sobrevoam o balcão e a cantora adorna o piano com espartilhos e ossos de búfalos.  É madrugada e os embriagados correm em busca de prazer e seios de alabastro. Copos borbulhantes congelam o inverno   e rabiscam espumantes no Sol. A voz da cantora embala marinheiros e os  desconfortos do dia. O grito do vassoureiro incomoda os que descansam. O Jazz adormece e espera o próximo ato.
Gurgel de Oliveira












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