quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O INQUILINO

Norman retornou à casa. Mamãe está no quarto e tem sorrisos nos dedos. Um vulto anda pelos corredores e bate à porta. Vento e  tempo choram  mais rápido. A chuva ameaça cair. Velas e  medo rondam  os castiçais. O lustre ainda é o mesmo. Sala e  banheiro foram isolados. No hotel não há hóspedes. Lagartos cavam  o terreno. Norman lembra de tudo. Mamãe chama pela janela. Pão e  café esperam na mesa. Um ruído vem do porão. A sopa não  tem o sabor de antes. Leituras do passado causam  tumulto. Um corvo  olha de longe. Algo está prestes a acontecer. Guardar rancor afeta o estômago e resseca a saliva. A canção provoca fadiga.  Norman tenta dormir e os fantasmas acordam. Marion Crane   não mora mais aqui. O hotel se recolhe. Roupas e varais  perdem as cores e   somem no deserto.

Gurgel de Oliveira

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