Vale das Rainhas, Tebas. O Egito revela ao mundo o descanso de Nefertari, a amada de Mut. O senet já havia previsto que a vida seria uma passagem pelos portais do tempo. Descansar os olhos sobre o calcáreo, rochas sedimentares ou a travessia para o sagrado, é como elevar o espírito e sentir a tinta esboçando os dedos dos escribas pelos caminhos do corpo. Rammsés II vigia o rosto da amada e o Vale do Nilo chora. A partida vai ser breve. Escravos da Núbia preparam a liteira para a grande viagem. Joias, vasos e frutas, companheiros dos mortos, já estão próximos ao sarcófago. O ano é 1255 a. C. A arte toma novos rumos. A lei da frontalidade comanda as mudanças estéticas e a estatuária dá formas ao alabastro. É o progresso chegando ao mundo antigo. Nefertari é pele e bandagens. A mastaba se abre e engole camelos e deuses.
Gurgel de Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário