quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A VIAGEM

E necessário esperar! A cama é confortável e os ursos estão soltos. O quarto não é grande e as janelas se foram com o tempo. Exercitar a paciência causa dores nas juntas e os ratos  não perdoam. As hienas estão à espreita, famintas. Não é possível sentir o cheiro da comida. Tem alguém ai? Rajadas de vento respondem e forram o quarto com folhas de papel em branco. Poemas vão ser escritos para que as horas passem. Agora é a chuva que não para de cair. O quarto vai ser inundado e a cama é um navio. A espera é fundamental. A viagem está próxima e o destino é desconhecido. Dormir também é importante. Alimenta o espírito e mata a fome dos olhos. Alguém bate na porta. São os marinheiros e as mulheres do porto. Onde está a lógica dos acontecimentos? Os ursos não podem mais esperar. A cama navega pela casa e cada cômodo abraça um país. É hora de atracar. Chamem os estivadores e peguem as bagagens. Novos portos nos esperam em algum ponto distante da memória.
Gurgel de Oliveira

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