quarta-feira, 4 de setembro de 2013

PAREDES E PORCELANAS

Diferentes realidades escorrem pelos muros. A escuridão da cidade não permite coragem e movimentos mais bruscos. É muito tarde para voltar a ser criança. A casa é de faiança e a comida posta à mesa não desperta a fome que ronda o mundo. Universos distantes não são mais observados. As bonecas vivem e guardam inverdades por baixo das roupas.O medo dá o tiro certeiro e vozes são ouvidas além das muralhas. Aviões de papel sobrevoam os espaços disponíveis e carregam bombas nas asas. Os pássaros não voam e as criaturas quadrúpedes se aproximam. As bonecas ficam atentas. É tempo de guerra e não tem carne no cardápio. A solução é comer enlatados. Já faz três meses que não amanhece. Noites eternas e estrelas cansadas. Não brilham mais. A menina está presa ao muro, Mais vozes são ouvidas. O bosque é um circo de surpresas. É proibido caminhar na mata. As bonecas serão enterradas muito em  breve. A menina cava buracos e redescobre a vida. O Sol manda cartas aos rios e igrejas de vidro dançam diante do caos.

Gurgel de Oliveira

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