segunda-feira, 16 de setembro de 2013

PARA NÃO ESQUECER QUE ESTAMOS VIVOS

A orquestra passa e arrasta a multidão. Nos hospitais, crianças e adultos esperam por um gesto de solidariedade. Queremos os nossos corpos funcionando dentro da normalidade. Macas e instrumentos cirúrgicos não nos encantam mais.  É tempo de melhoras. Os pastos estão verdes e as casas das  fazendas produzem leite, queijos e felicidade. Na Colômbia, narcotraficantes e "mulas" cruzam fronteiras com as drogas do adeus. No Muro das Lamentações, judeus enfiam as suas vidas em buracos e apelam ao sagrado pelo pão de todos os dias e o tahine que engana a lingua e os   sentidos. Enquanto a oequestra passa,  atentados e condutas são questionados à sombra dos gabinetes. Chegou a hora de dançar na rua. Correr na chuva e descascar paredes em Casablanca. Correr pelo deserto em busca de nada e comer mariscos em algum lugar da Indochina. Correr os becos de Xangai e pescar gôndolas no Grande Canal Veneziano. Adotar o gótico como estilo de vida. Ouvir afrescos de Ambrogiotto di  Bondone. E acampar nas naves das igrejar que apontam para o Céu. París não é o limite e Dubai não é  forno do mundo. Queimemos os nossos medos numa grande fogueira de São João. Ao redor dos nossos olhos existem jardins e, em breve, seremos primavera. Palmas para os músicos da orquestra. Que dancem os coretos na ingenuidade das pracinhas do interior.
Gurgel de Oliveira

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