quinta-feira, 19 de setembro de 2013

ANA PÁDUA

No ano de 1910, Ana Pádua perdeu o marido em um acidente inexplicável. Toda a família aderiu ao luto.O solar dos Pádua mergulhou num silêncio nunca presenciado antes. Os criados também cobriram seus corpos com orações e   sentimentos. Os encontros de domingo foram suspensos. Aniversários foram esquecidos e os móveis da sala cobertos com mantas e lençóis. Ana Pádua, com todos os títulos de nobreza e uma elegência ímpar, sentou numa cadeira e calou-se para sempre. Comida e água, nunca mais . As tentativas de despertá-la  não obtiveram êxito. Muitos anos se passaram e a família partiu amparada por anjos e arcanjos. Aos que rondam o solar, dizem ouvir murmúrios e gemidos vindos do salão, onde outrora reinavam bengalas, cartolas,   cristais e espumantes. Ana Pádua não partiu com os seus e circula diariamente pelos cômodos do solar, como se desse ordem aos criados sobre o tema do próximo baile.
Gurgel de Oliveira

Foto 1900. Internet.

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