segunda-feira, 23 de setembro de 2013

OS DESENHOS DO SAGRADO

Desenhar na pele e buscar caminhos pelo corpo. Evocar o sagrado com tintas azuis e plantar sentimentos menos dolorosos em torno da alma. Encarar o dia com a força e a determinação dos tigres. Um rasgo de alegria passou aqui e deixou muitas  marcas. A dançarina adormece num quarto de hotel próximo ao deserto. E a areia vai ficando mais quente quando o Sol insiste em retirar roupas e peles. Tatuagens são passagens  para sempre. O corpo é o transporte da tinta e vamos envelhecer juntos. Momentos de arrependimentos não são bem vindos. A dançarina desperta numa tarde de chuva. Ribaltas e rotundas ainda dormem. Não exite hora para acordar. Somos escravos do sono e as camas são de prego,  água e termas.  .Sombras de  guerras estão lá fora. Desenhar a  paz na pele do mundo não é possível. O encantamento tem dores e as massagens não resolvem. Não é possível ser feliz assim. Acendam fogueiras em Andorra e derretam as montanhas. A música começa e os pares se juntam.Já é madrugada e as rugas se foram.
Gurgel de Oliveira

Foto de 1900. Domínio público.

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