As cinzas da soprano foram atiradas ao mar, num ritual de canto e saudade. Acordes foram ouvidos nas ilhas próximas e o Céu foi forrado com nuvens em sépia. Chapéus e muita renda compunham o figurino dos convidados. Rosas foram postas nas ondas. O perfume da partida. Em silêncio, o navio retornou ao porto da cidade italiana onde a cantora viveu. Comovente! Músicas profanas encheram as ruas de imigrantes. Máscaras esconderam dores e fitas riscaram o espaço. Como um baile de pipas na Nicarágua. A calmaria chegou com a chuva. Os barcos se recolheram. A noite seguiu o seu curso. Poemas são pedaços de vida que desafiam o tempo.
Gurgel de Oliveira
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