sexta-feira, 11 de outubro de 2013

BORDAR O CORPO E DESNUDAR A ALMA

O culto ao insólito torna o dia desigual. Suportar a rotina desgasta a pele da alma e sufoca o corpo. Façamos coisas não planejadas para tirar os pássaros do marasmo. Escrever no asfalto pode ser uma solução. Esculpir o destino nas pedras também é uma  uma fonte de prazer. Procuremos poetas nos mercados habitados por ratos e salamandras e deixemos que a tarde nos envie uma mensagem. A paciência é inimiga do tempo. Navios passeiam em mares não imaginados e o rosto do porto se deforma. Existem lápides no lado esquerdo do peito e grandes animais nas avenidas. Chegou a hora de apagar a luz do dia para que a noite se vista de princesa. Palácios dançam na pracinha e encantam estátuas em movimento. Não é oportuno comer mesas e cadeiras. O jantar está servido e violinos estão no cardápio. Os moribundos que insistem em não morrer serão convidados à mesa.
Gurgel de Oliveira


Foto de domínio público. 1900.

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