Mais cartas estão sobre a mesa do claustro. Sóror Mariana teceu as linhas da noite escrevendo ao amado. O Convenro Nossa Senhora da Conceição, em Beja, Portugal, abrigava jovens nem sempre com vocação para o sagrado. Encerrada nos muros cristãos por mera decisão paterna, a ousadia e o sofrimento da freira e suas cartas incomodaram França e Portugal, numa época em que o conservadorismo ditava regras e aprisionava amores nas igrejas que apontavam para o Céu. O Marquês Noel de Chamilly, combatente na Guerra da Restauração e destinatário do sentimento que dizem ter levado a Abadessa ao descanso final, nunca enviou respostas e sumiu para sempre, por entre ruelas das cidades francesas. Em 1812, documentos encontrados por estudiosos que buscam rastros da vida de Mariana, afirmam que até Jean-Jacques Rousseau, filósófo do iluminismo e pioneiro do romantismo, foi tocado pelos manuscritos da religiosa.
Gurgel de Oliveira
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