quinta-feira, 3 de outubro de 2013

PARA NÃO ENTRISTECER ALGUÈM

Partir e desbravar as pontes fazem  parte do plano. Logo que o Sol se esconda pegaremos o mapa que vai nos auxiliar na fuga. Dizem que as estradas oferecem perigos e não podemos dormir. Bichos não conhecidos dos biólogos guardam cercas e portões. O medo não faz parte da bagagem. Pouca roupa e pedaços de pão vão ser os nossos companheiros. Serão  dez noites de caminhada. As bolhas dos pés terão que ser furadas e a febre é inevitável. . O poeta não vai. Escritos não serão nossos parceiros. O frio e a chuva trarão a poesia que precisamos. Levaremos estradas nos bolsos e trilhas amarradas à cintura. Já está quase na hora. Bebam água para umedecer o corpo e molhar o espírito ressecado pelo verão que não acaba. E as flores, alguém já pegou? Lápides  enfeitadas com pipas  trarão vida aos nossos olhos. Sinais  vão ser marcados  na areia e dirão ao mundo que passamos por ali. É hora da despedida. Coloquem os corações no vento. Emoções só atrapalham. Estão prontos? Desenhem  as estradas nas mãos  e comecem a andar. É a cerimônia do adeus.
Gurgel de Oliveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário