Partir e desbravar as pontes fazem parte do plano. Logo que o Sol se esconda pegaremos o mapa que vai nos auxiliar na fuga. Dizem que as estradas oferecem perigos e não podemos dormir. Bichos não conhecidos dos biólogos guardam cercas e portões. O medo não faz parte da bagagem. Pouca roupa e pedaços de pão vão ser os nossos companheiros. Serão dez noites de caminhada. As bolhas dos pés terão que ser furadas e a febre é inevitável. . O poeta não vai. Escritos não serão nossos parceiros. O frio e a chuva trarão a poesia que precisamos. Levaremos estradas nos bolsos e trilhas amarradas à cintura. Já está quase na hora. Bebam água para umedecer o corpo e molhar o espírito ressecado pelo verão que não acaba. E as flores, alguém já pegou? Lápides enfeitadas com pipas trarão vida aos nossos olhos. Sinais vão ser marcados na areia e dirão ao mundo que passamos por ali. É hora da despedida. Coloquem os corações no vento. Emoções só atrapalham. Estão prontos? Desenhem as estradas nas mãos e comecem a andar. É a cerimônia do adeus.
Gurgel de Oliveira
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