quarta-feira, 2 de outubro de 2013

WILD NIGHTS - EMILY DICKINSON

O que dizem as cartas que movimentam as mãos e dedos do olhador? O mundo vai acabar?  O limite entre vida e morte é uma criança com asas e espada? As linhas das mãos também falam do dia seguinte. Do que não conhecemos. A dor do outro está escrita na terra. Olhar com atenção é descobrir segredos. O inviolável desliza na pele do rosto e desfigura os lábios. A carta do louco é a esperteza do jogo. A Lua significa magia e mundos acobertados pelo espírito da mandingueira. Hoje é quarta-feira. Olhemos para o fogo como destruição e renascimento. Os ossos estão guardados em um saco de alinhagem. O buraco feito na terra não aceitou o alimento. Queria carne e cartilagem. É possível riscar cemitérios no diagrama? A resposta está na sola do pé. Junto ao chão de argamassa e cheiro de fome. A toalha da mesa não pode ter estampas. O tarô não fala próximo das rosas. Jardins e vasos não são bem vindos. O eremita indica os caminhos e as armadilhas tatuadas na virilha. Não tenha medo da mandala. O saco de ossos se despede e tenta descansar. Sonhar para sempre é guardar os olhos na água. A palma da mão não revela mais nada. Poemas de Emily Dickinson forram o leito de morte. A poeta suspira e morde a carta da torre. O desejo de não viver é revestido com mortalhas. A América não chora. Um gosto de carne queimada encapa livros e cadernos. A cremação é imediata.

Gurgel de Oliveira

Foto coleção Museu Emily Dickinson.

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