Os livros que não foram lidos sumiram no meio dos destroços. Todos correram quando ouviram o barulho. A rua está deserta e tem marcas de choro nas paredes. Os que estavam dormindo não conseguiram sair do sonho e viraram sombras em caixas de vidro. As casas sentem a falta do piano. O maestro perdeu a batuta e anjos estão sem as penas das costas. Um pedaço de pão é encontrado vivo na calçada. Brincadeiras de roda são sopradas pelo vento. Não se pode olhar as horas e os relógios congelaram nos pulsos. Pensar é morder a realidade e espantar o bruxismo. As camas não foram arrumadas . Bonecas feitas de lenços serão pescadas no riacho. A água dói no corpo e sal é jogado nos olhos. Sobreviver é pecado. Não tentem nascer outra vez. Fugir do medo é a única saída.
Foto de 1902. Domínio público.
Gurgel de Oliveira
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