O musgo vai cobrir os nossos sonhos . Não teremos mais nomes e o passado será escrito nos muros. As nossas roupas, simples peças de varais. Lembranças e fitas guardadas no armário. A cozinha vai parar. Carnes e verduras serão enviadas aos vizinhos. A ordem é para que portas e janelas permaneçam fechadas. Vasos e flores derreteram nos esgotos . Corpos esculpidos e facas amoladas ao extremo. A lâmina corta o vento e divide o calor em partes iguais. Tem alguém respirando próximo aos potes de vinho. O atrevimento da ignorância tem o gosto de sangue expulso das veias . Não é justo que retiremos as unhas das crianças. Cartas com lacres balançam nas correntes. Os escritores sentem saudades dos parágrafos. É hora de apagar as luzes. Tirem os olhos dos cabides e tentem observar bem longe. Não é mais possível. As nossas retinas viraram adubo..
Foto de domínio público. 1900.
Gurgel de Oliveira
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