Alguém esteve aqui. Tem marcas de sapatos impressas na lama. Pedaços de tecidos dão cores ao caminho. As páginas do livro foram rasgadas e jogadas ao fogo. A clareira ainda dorme. O mato demora para despertar. É uma outra forma de tempo .Cantar não é a melhor maneira de entender o que aconteceu. Chorar também não. Fiquemos fortes e observemos. A neblina fura as folhas das árvores. O rio pode ser ouvido se ficarmos quietos. A umidade amolece as unhas. Não temos mais os nossos dentes. Se perderam no encanto e na fumaça do frio. Esquecemos os nossos nomes e quem somos não importa mais. A gosma das árvores vai cobrir os nossos corpos. O perdão virá com o tempo. Não há espaço para festas e sorrisos.
Gurgel de Oliveira